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O silêncio que sufoca: por que a universidade precisa ser espaço de voz e coragem

Oito em cada dez universitários brasileiros evitam expressar suas opiniões por medo de represálias. Esse dado foi revelado em pesquisa recente do Instituto Sivis, publicada no ESTADÃO, e traz uma reflexão importante: quando os alunos têm medo de falar, é a educação que se cala.

Uma formação que não convida ao exercício da voz, instaura o silêncio e paralisa o pensamento. É impossível amadurecer intelectualmente sem errar e sem falar — enquanto a ideia está guardada, ela não é confrontada, questionada e nem pode ser refinada.

O caminho da consciência passa por pensar, elaborar e escutar o outro. Não existe desenvolvimento sem voz.

Isso não significa falar por falar, uma liberdade barulhenta ou irresponsável. Refiro-me à possibilidade e à coragem de expressar ideias, mesmo quando dissonantes, porque é nesse atrito que se forma o discernimento.

Já falei por aqui sobre evasão, propósito e exigência. Mas, hoje, o que me preocupa é o silêncio.

Quando um jovem aprende que é mais seguro se anular do que se posicionar, a universidade falha em seu papel.

O campus deixa de ser espaço de formação e se torna palco de adequações. E isso empobrece o pensamento, reduz a potência da convivência e compromete o futuro.

Pensar é um ato de coragem — e precisa de espaço para existir. É por isso que na Belavista tratamos o ambiente acadêmico como território fértil para a dúvida, o debate e a construção de argumentos.

Não buscamos uniformidade, mas inteireza na escuta e na fala. Criamos um lugar em que erro pode ser o ponto de partida, não de exclusão. Onde é possível discordar com respeito e o desconforto virar aprendizado.

Porque é no atrito das ideias, e não no conforto do silêncio, que a consciência se alarga e a liberdade ganha sentido. E a universidade precisa ser, acima de tudo, esse lugar onde o pensamento respira.

Grandes líderes, aqueles que queremos formar, não são os que repetem respostas prontas, mas os que sustentam perguntas difíceis.

É na coragem de perguntar – e de lidar com o desconforto das respostas – que se constrói a verdadeira liderança.

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